7 de abr. de 2014

Rússia e Índia realizam exercícios militares em conjunto.

endo à frente os exercícios navais russo-indianos marcados, nos quais o cruzador de míssil nuclear pesado Pyotr Veliky tomará parte, Tatiana Shaumyan, diretora do Centro de Estudos Indianos no Instituto de Estudos Asiáticos, discute o estado das relações russo-indianas e as perspectivas da cooperação de defesa entre os dois países. Entrevista por Igor Chekunov.

 Rússia e Índia desfrutam laços de longa data e estão acertados em muitas áreas. Como você descreveria as relações russo-indianas em matéria de defesa no momento?

 A cooperação de defesa é um dos aspectos mais importantes e antigos do nosso relacionamento com a Índia. Esta cooperação começou nos anos 1960, logo após o conflito de fronteira indo-chinês.  A nossa cooperação de defesa foi contínua desde então, apesar de algumas interrupções nos anos 1990 devido a fatores além do nosso controle, notavelmente o colapso da União Soviética, quando muitas estruturas de era soviética foram desmanteladas e os russos estavam apenas emergindo.

 Foi um período difícil, porque a Rússia forneceu cerca de 70% do equipamento militar à Índia. Mas, gradualmente, a cooperação na defesa foi restaurada e hoje é considerável. A estrutura do relacionamento se transformou a partir da venda de armas já feitas da Rússia para a Índia, ao desenvolvimento conjunto de novas tecnologias e a produção de mísseis e aeronaves. Este é um grande passo para além do nosso relacionamento passado.

 Atualmente, Rússia e Índia estão implementando vários programas militares conjuntos. Os mais importantes são a produção e modernização do míssil BrahMos e a construção da quinta geração de caças supersônicos, entre outras coisas.  Seria desejável ver o nível da cooperação que realizamos no campo da defesa mantido em outras áreas, especialmente em comércio, ciência e tecnologia.

 Os exercícios programados acrescentarão consideravelmente à cooperação militar russo-indiana. A situação em todo o mundo muda de ano para ano e, portanto, as metas e objetivos desses exercícios também mudam. O que você considera ser o objetivo neste momento?

 A ameaça de conflito armado, como tal, sempre existe teoricamente, mas me parece que hoje um dos maiores desafios de segurança para a Rússia e à Índia é a luta contra o terrorismo internacional, como ambos os países, infelizmente, têm sido vítimas de atos terroristas internacionais. A ameaça de ataques terroristas na Rússia se espalhou para além das regiões que são geralmente consideradas como alvos, e na Índia de hoje existem ataques não apenas na Caxemira, mas também em outras regiões e cidades importantes também como Mumbai e Delhi. É nessa área de combate ao terrorismo onde os nossos exercícios e projetos conjuntos podem ter um impacto muito significativo.

 Os exercícios conjuntos navais têm crescido em importância nos últimos anos por causa da ameaça da pirataria, que se tornou um perigo para os navios de qualquer país praticamente sempre envolvido no transporte comercial internacional. Rússia e Índia têm repetidamente sofrido grandes perdas devido à pirataria internacional em rotas de navegação. Se trabalharmos em conjunto para desenvolver métodos para combater a esta ameaça, ambos os países serão beneficiados.

 As relações entre a Índia e os Estados Unidos estão se desenvolvendo rapidamente, em paralelo com as relações estreitas entre a Índia e a Rússia. Embora a administração Obama aparentemente tenha mudado as prioridades da política externa americana da Índia para a China, os Estados Unidos e a Índia continuam a cooperar nas questões militar e nuclear.

 Creio que, de uma maneira ou de outra, estas duas potências asiáticas serão sempre uma prioridade para os Estados Unidos da América. Os Estados Unidos querem desenvolver relações com a China mantendo a Índia como um aliado e vice-versa. Equilibrar as relações com diversos países é um aspecto fundamental das relações internacionais. Os Estados Unidos vêem a Índia como um ator importante e influente na política global. Além disso, penso que os Estados Unidos realmente reconhecem a Índia como uma potência nuclear.
 
 Ao assinar um acordo nuclear com a Índia em 2005 os americanos claramente tem reconhecido o arsenal nuclear indiano. Quando se trata da região Sul da Ásia, os Estados Unidos por um longo tempo se baseou no seu antigo aliado militar e político, o Paquistão. Os Estados Unidos têm hoje uma relação especial com o Paquistão, em função da situação no Afeganistão, e é por isso que a Índia é hoje uma prioridade na política externa e militar dos americanos.

 Isso leva à próxima pergunta. Dada a relação ativa entre a Índia e os Estados Unidos, como vê o governo americano a cooperação entre a Rússia e a Índia, a partir da realização de exercícios militares?

 Os Estados Unidos deveriam aceitá-la como um fato. O governo americano não toma realmente nenhuma atitude para impedir os dois países de realizar estes exercícios. Exercícios militares são uma parte integrante das relações bilaterais entre Estados soberanos no mundo de hoje. Esse jogo de soma nula é longo. Considerando as realidades atuais, da cooperação Brasil-EUA e da cooperação ativa entre Brasil e Rússia, essas cooperações não são mutuamente exclusivas.

Fonte: http://en.rian.ru/analysis/20100811/160156153.html

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